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Author: Missão Venezuela
•17:55
Missões que atuam no cenário internacional são severamente abaladas pela crise.

David Botelho teme queda de mantenedores: “Nesse contexto, o missionário é o supérfluo a ser cortado”

Desde os últimos meses do ano passado, uma única palavra – crise – é a mais repetida mundo afora. Abalado pela quebradeira do sistema financeiro dos Estados Unidos, o mundo entrou em 2009 resignado em enfrentar um período duro, como não se via há pelo menos uma década. Em todas as latitudes, em maior ou menor grau, as economias têm suas bases afetadas pela perspectiva de uma recessão prolongada. “Uma recessão começa quando investidores acreditam que a hora não é boa para investir e os consumidores crêem que a hora não é boa para consumir”, resume Gustavo Patú, jornalista especializado em economia. “E, na tentativa de proteger sua riqueza, todos empobrecem.”

A crise já afeta todos as áreas da economia e, mais que isso, prejudica tremendamente o chamado Terceiro Setor, onde se inclui o trabalho missionário. As missões que dependem de envio de dinheiro para fora do país estão tendo suas atividades severamente dificultadas pela nova conjuntura global, principalmente devido à alta do dólar. A moeda americana, que até outubro passado, tinha um câmbio que não ultrapassava R$ 1,60, entrou em 2009 cotado na base de 2,5 reais. “Nossos obreiros estão sofrendo muito”, lamenta o diretor da Missão Horizontes, David Botelho. Segundo ele, para manter o poder de compra das remessas de dinheiro enviadas para os missionários no exterior, seria necessário um aumento da ordem de 50% – algo impensável no momento, quando mantenedores pessoais e instituições doadoras também se debatem sob os efeitos da crise. “Infelizmente, neste contexto, o missionário se torna o supérfluo a ser cortado”, lamenta Botelho.

Não é a primeira vez que a Missão Horizontes, uma das mais respeitada agências especializadas em evangelismo transcultural do país, passa por apertos devido a crises cambiais. O pastor Botelho lembra que, entre os anos de 2001 e 2002, o dólar americano deu um pulo, passando de pouco mais de R$ 1,80 para mais de 4 reais. Justamente naquela época, a agência estava empenhada no Projeto Radical Janela 10-40, mantendo 96 obreiros naquela imensa região imaginária que abrange as nações menos evangelizadas da Terra, entre a África e o Extremo Oriente. “Eu estava em Cingapura e a cada dia olhava na internet o valor do dólar, que somente subia”, lembra o diretor. “Pensamos que nossa organização iria à bancarrota, pois chegamos a ficar com um déficit de R$ 270 mil no cartão de crédito”. Ele não tem dúvidas: “Foi o Senhor que teve misericórdia de nós para a Horizontes não falir.”

Contando prejuízos – Até mesmo os projetos e as missões que contam com doações em dólar começam a temer a crise. O Fundo Cristão para Crianças (CCF, na sigla em inglês) é um exemplo. A organização internacional desenvolve no Brasil programas voltados para a educação, saúde, meio ambiente e geração de emprego e renda em 760 comunidades rurais e urbanas do país. Suas ações são patrocinadas por meio de doações, parcerias com empresas, fundações e institutos e, principalmente, através de apadrinhamento de crianças e adolescentes em situação de risco social. Atualmente, o Fundo Cristão para Crianças conta com cerca de 65 mil padrinhos, sendo que quase 56 mil são estrangeiros.

Beatriz Debien, responsável pela Rede de Comunicação de Resultados da organização, esclarece que não é a alta do dólar o fator que compromete a operação da entidade no Brasil, já que a maior parte dos mantenedores têm seus donativos fixados na moeda americana. “A preocupação maior está na crise mundial, pois, a partir do momento que ela atingir o chamado consumidor final, pode influenciar no apadrinhamento de crianças e adolescentes brasileiros”, teme a assessora. “No setor agrícola, por exemplo, existe a opção de aumentar ou diminuir a produção conforme a movimentação do mercado financeiro mundial. Porém, no Terceiro Setor, isso não é possível”, aponta. “Os programas do órgão não podem ampliar e, pouco tempo depois, cortar o número de crianças e famílias atendidas pelos projetos sociais patrocinados pelo seu sistema de apadrinhamento”, lembra Rodrigo Leite, coordenador de Marketing e Mobilização de Recursos do Fundo Cristão para Crianças.

Até o momento, o CCF afirma que ainda não tem registros que alertem para o aumento de cancelamentos de padrinhos estrangeiros em função da crise. “Mas estamos monitorando nossos indicadores para o caso de haver necessidade de adotar medidas estratégicas”, explica Karina Miranda, assistente do setor responsável pelo relacionamento entre padrinhos e crianças. A organização acredita que, se houver uma maior adesão de mantenedores, empresas e parceiros brasileiros à causa, poderá se prevenir contra o impacto que pode vir a ser causado pela crise mundial.

Panorama sombrio – Especulações são feitas a todo momento acerca de quanto tempo ainda durará a crise. Os economistas parecem concordar que, para tanto, a economia americana precisa primeiro voltar a crescer novamente e sair da recessão. Todavia, nem mesmo os mais otimistas prevêem que isso possa ocorrer antes do fim de 2009. Enquanto isso, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômicos (OCDE) sinaliza, em relatório, que o número de desempregados no mundo deve aumentar entre 20 a 25 milhões de pessoas até 2010 por conta da crise econômica.

O panorama é sombrio. Segundo a organização, a maioria dos países vai enfrentar uma recessão severa e prolongada, que pode se estender além desta década. Na mesma toada, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima que a crise global possa acarretar um recorde histórico de mais 210 milhões de pessoas desempregadas até o fim deste ano, um desastre social de consequências imprevisíveis.

Em meio a tantos números e estimativas assustadores, ainda existem os que preferem confiar em outras forças além do mercado. O diretor da Missão Josué, Charles Eduardo, sabe que a disparada do dólar e a recessão dificulta o envio e a manutenção de missionários no campo, mas crê que o Senhor vai continuar suprindo as necessidades de sua organização. Ele é categórico: “O dono da obra é Deus. Cremos na sua providência”, vaticina. O diretor da Missão Horizontes também acredita que é preciso recorrer ao socorro do alto. “É hora de orar por um milagre para os missionários brasileiros”, apela David Botelho.

Fonte: Cristianismo Hoje
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